quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Introdução

Num determinado dia, a uma determinada hora, um velho sábio de experiências vividas, disse-me:
"Meu neto, as sociedades tal como as conhecemos, tendem a ruir quando duas coisas acontecem, a primeira, quando o sexo fica sem tabus, quando o sexo se torna num movimento social em vez de um movimento "familiar" e a segunda, essa sucede quando a ganância humana deixa de ser saciada!"
Na altura fiz ouvidos de mercador, e pensei cá para mim, o que raio é que este velho de 84 anos esta para aqui a dizer, ele e as teorias retrogradas... A verdade é que hoje, consigo olhar para essa frase e retirar ideias e ilações bem mais profundas do que conseguia outrora. Falar em "ganância humana não saciada" torna a frase como uma questão ditatorial e de desrespeito para com a Democracia em que nós vivemos, mas a verdade é que o sofrimento que vamos causando por cada cêntimo de euro ganho face a cada cêntimo de euro que um outro perde, aumentamos mais a vontade de conseguir ganhar mais um cêntimo logo de seguida. Esta imagem de cêntimos, se os transformarmos em milhões, podemos ver e jogar com as recessões da Grécia, Portugal e afins.
Falar em crises hoje em dia, é como falar de couves e plantações ou seja, cada um tem o seu palpite (apesar de existir em Portugal neste momento mais crise do que plantações). Portugal hoje vive um dilema, uma séria questão de identidade, o que nos leva a ser cada vez mais subjugados em prol do desconhecido, (somos um povo pacifico que aceita em bom tom, toda e qualquer medida sem sequer nos preocuparmos com o porque dessa mesma medida). Mas até que ponto? Qual será o ponto de ebulição do povo português? Seremos sempre assim tão pacíficos?
Na verdade estamos no fio da navalha, a Europa joga o jogo do diz que diz, do faz que não faz, e quem paga é o Sul da Europa, Grécia (que levou bem mais tempo do que necessário para aprovação de uma ajuda externa), Portugal (país a beira-mar plantada que vive de sonhos e do deixa-andar), Irlanda, Itália e mais tarde a Espanha... Efectivamente vivemos um processo de ganância dos próprios mercados (permitem-me na minha máxima "leiguice" identificar como focos principais a Alemanha e França), ganância essa que destroça o sonho de milhares de famílias europeias em prol do apenas e somente "controlo inflacionista" nesses dois países.
Portugal desde os 80´s, deixou de ser um País produtivo para passar a ser um pais de serviços, o que nos leva a viver da cobrança em euros por prestações sem se produzir em Portugal o factor que geraria esse serviço.(Mas essas são . outras batalhas que certamente irei explorar mais tarde.)
Por isso, soa-me a questão, até que ponto podemos sobreviver nós de medidas de austeridade em cima de medidas de austeridade quando o País não produz o suficiente para o seu consumo interno quanto mais para exportar? Serão estas medidas, medidas que levarão a nossa economia a um ciclo vicioso de recessão? A verdade é só uma, o espírito social, esse tem de ser cada vez maior, pois estamos na fila para entrar num processo em que os nossos ordenados valerão certamente metade do que o que valem hoje, a nossa vida económica está prestes a mudar...